Padre Lancellotti pede auditoria para Subcomissão de Moradores de Rua
Convidado a participar da primeira reunião do grupo recém-criado, religioso apresentou aos vereadores cenário das condições de quem vive nas ruas do município
A Prefeitura gasta entre R$ 1 mil e R$1,5 mil mensalmente por morador em situação de rua na cidade de São Paulo, o que atinge cerca de 15.095 pessoas de acordo com o censo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). A afirmação foi feita na manhã desta quarta-feira (26 de agosto) pelo padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral de Rua de São Paulo e membro de inúmeras Comissões de Direitos Humanos, durante a 1ª Reunião Ordinária da Subcomissão de Moradores em Situação de Rua.
Instalada no dia 19 deste mês no âmbito da Comissão de Finanças e Orçamento, a subcomissão convidou o religioso para que ele pudesse apresentar o cenário das condições do moradores em situação de rua do município. O objetivo é munir de informações os vereadores que compõem a recém-criada subcomissão para que possam analisar os impactos que a população de rua tem causado ao erário público.
Durante a reunião, o sacerdote disse que os moradores precisam de atendimento mais humanizado e destacou três perfis de pessoas em situação de rua: os que querem uma nova moradia, os que querem manter contato com a família e os que querem atenção do Poder Público. “Muitas vezes alguém em situação de rua não consegue ser atendido porque não atende os requisitos necessários para participar do programa. O trabalho a ser realizado deve ser dinâmico, construído juntamente com as pessoas em situação de rua”, explicou o padre Júlio Lancelotti.
Para saber onde estão sendo aplicados os recursos municipal, estadual e federal para a realização dos trabalhos com moradores de rua no município, Lancellotti solicitou uma auditoria. “Precisamos saber o valor correto que é gasto com uma pessoa em situação de rua e pensar que com esses recursos essa população teria condições de ser mais bem atendida”, afirmou.
Relator da Subcomissão, o vereador Aurélio Nomura disse ter plena convicção sobre a necessidade de ter políticas públicas. “Percebemos que as instituições conveniadas e o Poder Público não se entendem. É necessário que exista integração entre todos os envolvidos para que o serviço prestado seja de qualidade”, explicou. “A sugestão de uma auditoria é importante e vamos pensar nessa possibilidade. Porque se os gastos realmente forem esses (R$ 1 mil e R$ 1,5 mil por morador de rua mensalmente), o município gasta muito e não vemos uma aplicação efetiva desses recursos”, disse.
Público
Frei Agostinho da Grande Mãe de Deus foi um dos munícipes a se dirigir aos parlamentares quando teve oportunidade para falar. De acordo com ele, algumas ações de violência da Guarda Civil Metropolitana (GCM) com os moradores de rua são de extrema truculência. “Precisamos de uma Guarda que não seja agressiva e quero que os vereadores averiguem essas situações e a limpeza pública que estão fazendo contra essas pessoas”, disse. Ao final da reunião da Subcomissão, o padre Lacellotti ainda convidou o vereador Aurélio Nomura e o vereador Ricardo Nunes para que conheçam os principais problemas e a situação dos moradores de rua da Mooca e da Vila Mariana, bairros onde é grande o número de pessoas em situação de rua.
____________________________________________________________________________________ *Vereador Aurélio Nomura é membro da Comissão Finanças e Orçamento e relator da Subcomissão de Moradores em Situação de Rua