Subcomissão do Primeiro Emprego
Abusos sofridos por jovens nas redes de fast-food são temas de reunião na Câmara
McDonald’s é a empresa que mais fere as leis trabalhistas. Burguer King e Pizza Hut também estão no centro das discussões por analogia ao trabalho escravo
Criada pela Comissão de Finanças e Orçamento em reunião ordinária de 16 de fevereiro deste ano, a Subcomissão do Primeiro Emprego presidida pelo vereador Aurélio Nomura realizou hoje, 30 de março, no Auditório Prestes Maia da Câmara Municipal, sua primeira reunião ordinária com representantes do Sinthoresp (Sindicato dos Trabalhadores Bares e Restaurantes de São Paulo).
De acordo com o vice-presidente do sindicato, Gilberto José da Silva, a carência e a baixa renda no Brasil leva os jovens à procura do primeiro emprego muito cedo. “Com 16 anos os jovens já buscam independência e querem colaborar financeiramente em casa, por isso vão trabalhar nos fast-foods, e estas lanchonetes por sua vez contratam os jovens inexperientes por terem menores salários. Os jovens não têm experiência e orientação adequada por isto são desrespeitados”, explicou.
Assédio Moral e sexual, horas extras não remuneradas, acúmulo de função e atividades insalubres repugnantes são algumas das irregularidades impostas pelo setor. A jornada móvel variável, uma modalidade de contratação onde o funcionário tem que ficar à disposição do empregador e recebe por hora trabalhada também é muito praticada. “Além do jovem não ter horário pré-estabelecido, não ter rotina para poder estipular um tempo para os estudos e para a família, eles recebem menos que um salário mínimo”, salientou Rodrigo Rodrigues do departamento jurídico do Sinthoresp.
Saúde
Rodrigo Rodrigues foi enfático ao dizer que além da questão salarial estes jovens sofrem com problemas de saúde. Um dos mais graves vividos por estes jovens são as doenças gástricas ocasionadas pela má alimentação. “Os funcionários da Pizza Hit, por exemplo, comem pizza todos os dias, o dano que isto ocasiona na saúde destes jovens é irreversível. Dados apontam a incidência de câncer por esta alimentação inadequada oferecida por estas empresas”, falou Rodrigo.
Esta discussão vai ainda mais longe quando são apresentados casos de acidentes de trabalho, como o de uma adolescente que caiu no ambiente de trabalho e quebrou a perna, outra que bateu a cabeça e hoje vive a base de remédios, além de casos de queimaduras severas e cegueira por manusearem as fritadeiras e chapas quentes de forma inadequada.
A pedido do vereador Aurélio Nomura será realizada uma vistoria nestes estabelecimentos. “Precisamos fazer esta discussão para acabar com regimes de trabalho análogo ao trabalho escravo. Não podemos mais permitir que estes jovens sejam explorados por grandes empresários”, finalizou.