Moradores da avenida Lacerda Franco saem frustrados de audiência pública

Superintendente de Operações da CET irrita plateia ao alegar que transtornos causados por circulação de ônibus na via é reflexo da melhoria do tráfego na cidade 

Desrespeitados. Foi assim que se sentiram os moradores e comerciantes da Avenida Lacerda Franco que compareceram à Câmara Municipal de São Paulo na noite desta quinta-feira (1 de outubro) para participar de mais uma discussão sobre a mudança de tráfego no bairro do Cambuci. Foi o quarto encontro do grupo com um representante da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) para tratar sobre o mesmo assunto, o terceiro no Palácio Anchieta.

Convidado pela Comissão de Finanças e Orçamento por solicitação do vereador Aurélio Nomura, o superintendente de operações da CET, Valtair Ferreira Valadão, afirmou desconhecer qualquer projeto de mudança de faixas de ônibus da Avenida Lacerda Franco para a Lins de Vasconcelos e minimizou os impactos negativos causados pela circulação de ônibus na via. “O que tenho a dizer é que se trata de um binário consolidado no quesito da fluidez e segurança. As vias nascem tranquilas, em situações ideais, mas com o crescimento da cidade e da população é necessário que se façam as alterações.”

Presidente da Associação de Moradores e Amigos do Cambuci (Amac), Cristina Lúcia Cappellano considerou a fala de Valadão como uma verdadeira enrolação. “Na audiência anterior (em 13 de agosto), o técnico da CET disse que o projeto estava pronto e que estaria travado com o Sr. Valadão. Agora ele diz que desconhece o projeto. O que queremos é uma solução. Parece que estamos vindo aqui para brigar por nada”, reclamou.

Cristina e os demais moradores e comerciantes do bairro afirmam apoiar o projeto de melhoria do tráfego da cidade, mas questionam a falta de estudos quanto aos impactos negativos e transtornos causados em uma avenida onde antes não havia circulação de ônibus e que agora tem barulho durante 24 horas, além de acidentes e rachaduras em imóveis. “A Lins de Vasconcelos está um deserto. O comércio está acabando. Por que não mudar o tráfego de ônibus para lá?”, indagou a presidente da Amac.

Inscritos para falar por 3 minutos, alguns moradores apontaram os problemas quanto aos buracos no asfalto, que antes não existiam e agora são recorrentes. Lembraram que pela Lacerda Franco passam 22 córregos, além de galerias pluviais, que o solapamento ocorre em todo o viário e que a avenida não suporta o tráfego de ônibus.

“O viário tem de atender todos”, respondeu o superintendente da CET. ” A Lacerda tem,  sim, condições do ponto de vista de largura e fluidez. Buracos vamos ter em toda a cidade. Não se trata da Lacerda Franco. Se trata de planejamento da cidade”, acrescentou, para frustração da plateia.

Na opinião do vereador Aurélio Nomura, que presidiu a sessão, não dá para brincar de gato e rato ou de surdo e mudo com um assunto tão sério e que tem prejudicado tantas pessoas. “Depois de um ano e meio precisamos de uma solução”, disse, lembrando que o superintendente de Planejamento da CET, Ronaldo Tonobohn, havia se comprometido com a entrega do projeto que Valadão alegou desconhecer. “Alguém está falando inverdade”, criticou o parlamentar.

Em data ainda a ser definida, outra audiência deve ser marcada, dessa vez com o Diretor de Planejamento da CET, Tadeu Leite Duarte. Para encontrar uma solução para o caso, o parlamentar do PSDB espera contar com o apoio do vereador Jair Tatto (PT), que acompanhou a sessão. Também membro da Comissão de Finanças e Orçamento, o petista é irmão do Secretário de Transportes Jilmar Tatto.

*Vereador Aurélio Nomura é membro da Comissão de Finanças e Orçamento

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