Mobilidade Urbana
Faixa exclusiva da Giovani Gronchi é debatida em audiência pública
Subcomissão de Mobilidade Urbana será instalada e Nomura solicitou estudos técnicos para a implantação e de impactos ambientais
Após a implantação da Faixa Exclusiva de Ônibus na avenida Giovanni Gronchi – 1º etapa em fevereiro e 2º etapa em maio de 2016 – os moradores do Morumbi, que utilizam a via diariamente, contestam a medida adotada pela Prefeitura que gerou problemas no trânsito da região. As reclamações resultaram em uma Audiência Pública requerida pelo vereador Aurélio Nomura, líder do PSDB na Câmara Municipal de São Paulo, realizada na tarde do último sábado, 9 de abril, com a presença de mais de 200 pessoas,
Com a participação do presidente da Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara de São Paulo, vereador Jonas Camisa Nova (DEM), do representante da Secretaria Municipal de Transportes (SPTrans), José Tarcísio de Oliveira, e dos representantes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) Edgard de Souza e Luis Claudio Abromovick, o vereador Aurélio Nomura conduziu os debates, que duraram mais de quatro horas, para buscar uma adequação favorável a todos, tanto para os que utilizam transporte público como para os de transporte individual.
Os motoristas de veículos particulares foram enfáticos ao dizer que não são contra a Faixa Exclusiva, mas que a mesma deveria ser implantada após a realização de estudos técnicos – os quais não foram apresentados – que comprovassem sua real necessidade. “O que estamos discutindo é um projeto de mobilidade com planejamento”, explicou o morador Marco Munhoz da Associação Panamby.
A agente de viagens Mariângela Steyer moradora do Morumbi há 20 anos e utiliza a via todos os dias para chegar ao seu trabalho no Brooklin. “A faixa exclusiva atrapalhou muito os moradores daqui. Aumentou o meu tempo de ida ao trabalho em 40, 50 minutos. Para Mariângela, uma possível solução seria retirar a faixa exclusiva e criar faixas reversíveis que mudariam a sua direção de acordo com o maior volume de carros no período.
De acordo com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), cerca de 280 mil passageiros de ônibus foram beneficiados. José Tarcísio de Oliveira, representante da Secretaria Municipal de Transportes, afirmou que antes da faixa exclusiva era possível percorrer de ônibus a avenida em 50 minutos. Hoje, esse percurso pode ser feito entre três e seis minutos, dados estes contestados pelos moradores. De acordo com Carlos Wilson Ribeiro os números apresentados são inviáveis. “Para o transporte de 280 mil pessoas seria necessário passar quatro ônibus por minuto com 50 pessoas”, apontou.
O projeto “Dá licença para o ônibus” da prefeitura de São Paulo, tem como objetivo dar mais fluidez e assim atrair cada vez mais pessoas para utilizar o transporte público, mas a falta de linhas de ônibus na região foi um dos problemas relatados pelos moradores. “Fui pesquisar para eu ir de ônibus para o meu serviço, em 8km eu teria que pegar três ônibus, não existe uma linha que faça o percurso inteiro, fora que as pessoas andam como sardinha enlatada no transporte público”, acrescentou Mariângela Steyer.
A moradora Mônica Camargo disse em sua manifestação que o proprietário da Kangaroo’s – empresa que transporta 700 crianças em 22 vans na região – relatou que está difícil disputar espaço com os carros. “As vias que antes eram utilizadas como trajeto alternativo viraram trajetos principais e tudo virou simplesmente um caos. Em alguns casos o empresário precisa adiantar o horário de retirada das crianças em até 20 min”, relatou. Reclamação resultou na sugestão de liberação da Faixa Exclusiva de ônibus para os motoristas de transporte escolar.
José Tarcísio de Oliveira (SPTrans) falou da possibilidade de estudar as demandas apresentadas. “Vou sair daqui em busca de alternativas e um consenso”.
Para Luis Claudio Abromovick (CET) a faixa exclusiva foi motivada pelo grande fluxo de carro na avenida e a ideia foi dar mobilidade para o ônibus e evitar atrasos no transporte e diminuir perda de tempo no deslocamento. “A faixa foi implantada há 2 meses e a mudança é significativa nos hábitos e costumes dos moradores”. Questionado sobre a reversibilidade da pista Luis Claudio não confirmou a execução e informou que não existem estudos do impacto que o trânsito, causado pela implantação da faixa, causa na saúde da população.
O vereador Aurélio Nomura encerrou os debates informando que irá fazer um requerimento para implantar uma Subcomissão da Mobilidade Urbana afim de discutir o problema de maneira mais ampla. Nomura ainda solicitou os estudos técnicos para a implantação da faixa, os dados que retratam a melhoria de fluidez no trânsito após a implantação da faixa, estudos de impactos ambientais e estudos técnicos pertinentes ao custo que a população terá com o trânsito. “Existem questões que afetam demais a região e o que pretendemos é encontrar uma adequação que seja favorável a todos. É bom que se lembre de que em São Paulo não temos um Plano de Mobilidade Urbana e é um absurdo como o Plano Diretor Estratégico de São Paulo e a nova Lei de Zoneamento estão trabalhando de maneira desassociada, por isso precisamos discutir a Mobilidade urbana de maneira mais ampla o mais rápido possível”, finalizou.
Audiência Pública na Mídia: Rádio BandNews e Rádio CBN