Meio ambiente
AES Eletropaulo se isenta da responsabilidade de podar árvores em São Paulo
A falta de manutenção das árvores e as podas irregulares realizadas pela AES Eletropaulo foram temas debatidos na Audiência Pública realizada pela Comissão de Finanças e Orçamento, nesta segunda-feira, 22 de maio, na Câmara Municipal de São Paulo.
Presidida pelo vereador Aurélio Nomura, líder do governo, o debate também contou com a presença do secretário do Verde e Meio Ambiente, Gilberto Natalini, dos representantes da Prefeitura Municipal, Paulo Francisco Brogiatto (secretaria das Prefeituras Regionais)e Vladimir Alves (Justiça), dos representantes da AES Eletropaulo, Leonardo Borelli Junior (gerente de engenharia de manutenção de rede) e Silma Carmelo (gerente de Meio Ambiente), além do engenheiro agrônomo Joaquim Cavalcanti e do biólogo Giuliano Locosselli.
Para o secretário Gilberto Natalini, é necessária uma convivência mais harmônica com a natureza. “Ainda que a cidade tenha sido arborizada de maneira irregular é necessário construir um convívio melhor com as espécies arbóreas que são tão necessárias para a qualidade de vida na cidade”.
O engenheiro agrônomo Joaquim Cavalcanti, arborista certificado pela Sociedade Internacional de Arboricultura falou da falta de capacidade técnica da Eletropaulo. “A poda é uma das formas de cuidar das árvores e neste sentido a AES Eletropaulo deve muito para a cidade. Outro elemento importante que deve ser levado em consideração é a falta de capacitação das equipes que fazem um corte indiscriminado e despreocupado”, afirma.
Preocupado com os períodos de fortes chuvas na cidade, quando a incidência de queda de árvores é mais intensa, o vereador Aurélio Nomura, propositor da audiência, falou que é necessário uma melhor avaliação dos serviços prestados pela AES Eletropaulo. “É importante que possamos buscar soluções mais adequadas, avaliar quantas equipes trabalham e como é a forma de trabalho, porque é impossível que a cada chuva a cidade fique paralisada”.
Nomura ainda advertiu sobre os cuidados com as podas. “Mas é preciso fazer um planejamento e uma capacitação para realizar as podas, e não da forma radical como é feita, desta forma comprometem as árvores”, concluiu.
A cidade de São Paulo tem um total de 650 mil árvores e para o gerente de Relações Institucionais da AES Eletropaulo a poda não é de responsabilidade da empresa. “Os indivíduos arbóreos são de competência do município, fazer a gestão é uma questão da prefeitura”, enfatizou.
A queda de galhos de árvore na rede elétrica é a principal causa das interrupções de energia na área de concessão da empresa. Em que pese a necessidade de reparações urgentes na fiação elétrica em casos de queda de árvores, para Eduardo Lage do Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Pinheiros, não existe respeito com as árvores. “O critério pró-eletricidade é totalmente contra as árvores. A Eletropaulo não se preocupa em saber qual é a forma correta de podar e como será sua cicatrização”, criticou.
Mesmo se isentando da responsabilidade, questionados pelo vereador Aurélio Nomura sobre o número de podas na cidade a Eletropaulo informou que pretende podar só na cidade de São Paulo este ano até 260 mil árvores, que investe anualmente mais de R$ 55 milhões nesse serviço, e que tem mais de 260 pessoas envolvidas nesse trabalho de poda de árvores.