Área contaminada no Bom Retiro exige mais estudos, diz relator da CPI
Vereador Aurélio Nomura vê a necessidade de aprofundar investigação sobre contaminação na área da Estação de Transbordo Ponte Pequena a fim de eliminar qualquer risco à população
O diretor-presidente da empresa Logística Ambiental de São Paulo (Loga), Anrafel Vargas, prestou esclarecimentos nesta terça-feira (18 de novembro) durante a 9ª Reunião Ordinária da CPI das Áreas Contaminadas. Acompanhado por outros três funcionários da concessionária pública responsável pela limpeza urbana da parte noroeste da cidade, Vargas respondeu a todas as perguntas a ele dirigidas pelo relator da CPI, o vereador Aurélio Nomura.
Na pauta do dia, a contaminação do solo onde funciona a Estação de Transbordo Ponte Pequena, no bairro do Bom Retiro. Vargas não havia comparecido às reuniões anteriores para as quais havia sido convidado e foi questionado pelo parlamentar tucano principalmente com relação ao funcionamento de um centro de educação infantil nas imediações da estação de transbordo.
Considerada pela Prefeitura como uma das mais modernas do País, a estação está em uma área onde funcionou um incinerador entre os anos de 1959 e 1997 e apresenta índices preocupantes de dioxinas e furanos (compostos altamente tóxicos), segundo pareceres técnicos emitidos pela Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental (Cetesb).
Anrafel Vargas não descartou a existência de contaminação no solo da estação que tem capacidade para receber 6 mil toneladas de resíduos sólidos por dia, onde o lixo é armazenado até seguir para os aterros sanitários. Salientou, porém, que a desde 2004 a concessionária mantém monitoramento contínuo na área e garantiu que não há riscos para a saúde de funcionários ou da população do entorno.
“As medidas de intervenção propostas pela Loga foram consideradas suficientes pela Cetesb. Fizemos um processo de impermeabilização no solo, que recebeu uma camada de terra limpa, manta e piso de concreto”, informou. “A Loga fez a lição de casa com o tratamento da área e permanece fazendo acompanhamento com investigação complementar para esclarecer informações solicitadas pela Cetesb.”
Com relação à presença de dioxinas e furanos no solo, que poderia afetar o terreno do centro de educação infantil, o diretor de operações Edson José Stek informou que os compostos tóxicos estão a uma profundidade de 3 a 6 metros e que não oferecem riscos. “A solução técnica encontrada foi o isolamento com manta para manter livre o contato da água com o solo, especialmente com relação à creche”, disse Stek.
O vereador Aurélio Nomura lembrou que o centro de educação infantil foi visitado recentemente e que a diretora da instituição não soube informar sobre a isenção de contaminantes no espaço. Stek leu uma carta enviada pela diretora Rosimeire Aparecida Correa, por meio da qual diz estar ciente de que todas as áreas da creche foram impermeabilizadas e as crianças não têm qualquer contato com a terra. O parlamentar solicitou que a Loga envie cópia da referida carta à secretaria da CPI.
Para o vereador Aurélio Nomura, a Loga não está cumprindo as exigências feitas pela Cetesb e só agora está fazendo um relatório de análise de risco. O parlamentar solicitou uma cópia do documento, que ainda está em elaboração. “É preciso que estudos mais detalhados sejam feitos para eliminar qualquer dúvida quanto aos possíveis riscos oferecidos à população”, afirmou, lamentando que a discussão tenha sido prejudicada devido à ausência do representante da Cetesb, o geólogo Elton Gloeden.
Lixão de Vila Jaguara
A instalação da Estação de Transbordo de Vila Jaguara, na zona oeste, foi outro assunto questionado pelo vereador Aurélio Nomura, envolvido nessa luta junto com a comunidade local para barrar a obra. O parlamentar criticou a audiência pública para discutir o lixão, que havia sido marcada para as 17h de uma quinta-feira (dia 10 de abril). “Foi marcada num dia e horário em que a comunidade teria grande dificuldade para comparecer, pois as pessoas teriam de deixar seu trabalho mais cedo e nem conseguiriam chegar por causa do trânsito”, argumentou o vereador.
A previsão é que a estação de transbordo de Vila Jaguara receba 2,5 toneladas de lixo por dia, e que 400 caminhões passem a circular diariamente pela região (que já sofre com sérios problemas de mobilidade), degradando o bairro e afetando a qualidade de vida de seus moradores.
O diretor-presidente da Loga comentou que a Estação de Transbordo de Vila Jaguara não era objeto de investigação da reunião da CPI, mesma tese defendida pelo advogado da empresa, Ruy Janoni Dourado. No entanto, o vereador rebateu: “O assunto está, sim, dentro desta CPI porque a área onde se pretende instalar a estação de transbordo está contaminada”, enfatizou.
O debate sobre o Lixão de Vila Jaguara deve ser retomado em novas audiências públicas ainda serem agendadas, em data, horário e local que a população efetivamente possa estar presente.
Já a próxima reunião da CPI das Áreas Contaminadas está marcada para dia 2 de dezembro, às 10h.
*Vereador Aurélio Nomura é relator da CPI das Áreas Contaminadas