Investigações feitas pela Loga ainda são incompletas, afirma técnico da Cetesb

Coordenador de Áreas Contaminadas da Companhia não descarta a existência de dioxinas e furanos  no entorno da Estação de Transbordo Ponte Pequena, no Bom Retiro

A empresa Logística Ambiental de São Paulo (Loga) não realizou uma investigação detalhada sobre contaminação na área onde está instalada a Estação de Transbordo de Ponte Pequena, no bairro do Bom Retiro. A afirmação foi feita hoje (2 de dezembro) durante a 10ª Reunião Ordinária da CPI das Áreas Contaminadas, no Plenário 1º de Maio da Câmara Municipal de São Paulo.

Representando a Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental (Cetesb), Elton Gloeden, coordenador de Áreas Contaminadas da Companhia, não descartou a existência de dioxinas e furanos (compostos altamente tóxicos) no entorno da estação, o que inclui um centro de educação infantil. “O Despacho 483/2013 considerou as investigações incompletas. O que foi apresentado até agora pela Loga não contém investigação detalhada e não sabemos qual é a proposta para a área e nem para a escola”, declarou Gloeden.

Relator da CPI, o vereador Aurélio Nomura se disse surpreso com a declaração do representante da Cetesb, já que na reunião realizada em 18 de novembro, o presidente da Loga, Anrafel Vargas, informou que desde 2004 a concessionária mantém monitoramento contínuo na área e garantiu que não há riscos para a saúde de funcionários ou da população do entorno. “A Loga afirmou ter tomado todas as medidas e disse não haver nenhum problema com relação ao centro infantil”, observou o parlamentar. “Quais foram essas medidas se a afirmação da Loga está em desacordo com o despacho da Cetesb?”, questionou.

Gloeden respondeu que somente com a investigação preliminar feita até agora não é possível dizer se as crianças do Centro de Educação Infantil Ponte Pequena (no entorno da estação de transbordo) enfrentam ou não problemas de contaminação. “Só poderemos afirmar isso depois das análises químicas”, disse Gloeden. O vereador Aurélio Nomura solicitou o agendamento de uma visita ao centro de educação infantil. A data ainda será marcada.

Sobre fato de ter funcionado no local um transformador e lavagem de peças, o representante da Cetesb informou que as remoções foram feitas, mas que ainda não há resultados sobre o monitoramento. “Não somente com relação a dioxinas e furanos, mas também sobre contaminantes relacionados ao óleo”, disse o coordenador da Cetesb.  “O que verificamos é que há necessidade de aprofundamento nas investigações. O que foi apresentado pela Loga tem sido insuficiente”, considerou o relator da CPI.

Ainda com relação à reunião da CPI das Áreas Contaminadas de 18 de novembro, o vereador Aurélio Nomura comentou ter questionado a Loga sobre a estação de transbordo que a concessionária deve construir na Vila Jaguara, em uma área contaminada. “Se funcionou no local uma indústria química, há necessidade de investigação detalhada e avaliação de risco na área”, afirmou o representante da Cetesb. “Se comprovada a contaminação, mesmo sendo uma estação de transbordo, deve haver investigação para o uso adequado.”

 

Jardim Keralux

Outro assunto abordado pelo vereador Aurélio Nomura durante a reunião da CPI foi sobre o caso de despoluição do Jardim Keralux,  na região de Ermelino Matarazzo, zona leste da cidade.  O bairro, que abriga cerca de 1,4 mil famílias, vizinho à Escola de Artes, Ciência e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo, está em um terreno que já foi ocupado pela indústria de cerâmica Keralux e pela empresa Bann Química. As duas empresas teriam deixado no local passivos ambientais que expõem à população substâncias tóxicas.

De acordo com o técnico ambiental Pedro Antiqueira Netto, da Cetesb, a Bann Química terá de apresentar um plano detalhado sobre a descontaminação na região ou estará sujeita a uma multa que em reais pode chegar a R$ 2 milhões. “Estão dentro do prazo para apresentar o documento”, informou ao relator da CPI, lembrando que o prazo se encerra na próxima semana e o descumprimento para a entrega do documento será considerado um agravante. Gloeden complementou dizendo que  a contaminação do Jardim Keralux se dá porque durante décadas a área recebeu muitos entulhos e na década de 1990 resíduos de BHC (inseticida proibido no País desde 1985) foram removidos; uma investigação mais abrangente indicou a concentração leve de metais, o que levou a Cetesb a considerar que única via de contaminação possível seria o contato dérmico. “A Cetesb considerou que a pavimentação seria útil”, disse Gloeden. Como medida preventiva, o que a Cetesb recomendou foi a pavimentação das ruas do bairro. Solicitou também a realização de estudos para apurar a existência de metano no solo.

Além da Cetesb, a CPI das Áreas Contaminadas contou com os depoimentos de representantes da MRS Logística S/A, All América Latina Logística Malha Paulista S/A, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.  A próxima reunião foi agendada para o dia 16 de dezembro.


*Vereador Aurélio Nomura é relator da CPI das Áreas Contaminadas

 

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