Não ao Corredor Sabará
Vereador Aurélio Nomura volta a criticar o projeto dos corredores apresentado pelo Executivo, “que em favor de uma suposta melhoria na mobilidade desrespeita os direitos da população e suas conquistas feitas ao longo de toda vida”
Mais de 200 pessoas, integrantes do movimento Não ao Corredor Sabará e representantes de entidades de classe da Zona Leste, participaram hoje 06/03 da audiência pública da Comissão Permanente de Política Urbana para discutir a implantação dos corredores de ônibus conforme o Projeto de Lei 17/2014 do Executivo. O objetivo foi ouvir os munícipes que serão afetados pelas obras viárias e levar as propostas até a Secretaria de Desenvolvimento Urbano.
As lideranças do corredor Sabará manifestaram, mais uma vez, as consequência desastrosas da construção do Corredor Sabará, que causará a desapropriação de cerca de 500 imóveis, entre residências, pequenos comércios e serviços já tradicionais na região, e levando ao desemprego de cerca de 10 mil pessoas.
Em sua fala, o vereador Aurélio Nomura voltou a se posicionar contra o atual projeto do Executivo, que em favor de uma suposta melhoria na mobilidade “desrespeita os direitos da população e suas conquistas feitas ao longo de toda vida”, destacou o parlamentar.
“As pessoas aqui presentes não são contra a melhoria da mobilidade na região Sul. Pelo contrário, são elas as mais interessadas, pois são as que sofrem no dia a dia com esse problema e passam de 3 a 4 horas por dia nos ônibus lotados. Portanto, não somos contra esses corredores, mas somos a favor do progresso feito de maneira justa”.
Acompanhe o pronunciamento na íntegra do vereador Aurélio Nomura:
“O plano da Prefeitura de alargar 66 vias para a construção de 19 corredores de ônibus leva em conta uma suposta melhoria no trânsito de São Paulo, mas esquece uma questão fundamental – o respeito pelas pessoas, o respeito pelos hábitos e pelas conquistas que conseguiram com muito sacrifício ao longo de suas vidas. Senão vejamos: o Corredor Sabará, na Zona Sul, causará quase 500 desapropriações, afetando os lares de moradores que vivem ali há anos, e pontos comerciais e de serviços, de pequenos proprietários que já são tradicionais na região. As desapropriações, apenas nesse corredor, além de acabar com a atividade e o ganha-pão de centenas de pequenos proprietários causará também a perda de 10 mil empregos. É um custo social enorme e um sofrimento daquelas pessoas que precisam, sim, ser levados em conta quando se pensa em algum tipo de interferência urbana numa cidade tão complexa quanto São Paulo.
Os munícipes aqui presentes não são contra a melhoria da mobilidade na região. Pelo contrário, são eles os mais interessados, pois são os que mais sofrem no dia a dia com esse problema, enfrentam o trânsito caótico e passam 3 a 4 horas por dia nos ônibus lotados. Portanto, é preciso ouvi-los e são eles que sugerem uma alternativa mais viável que o Corredor Sabará, de mais baixo custo e que evitaria tantos transtornos e afetaria menos a vida das pessoas.
Essa alternativa é o corredor já existente, na Avenida Miguel Yunes, que poderia ser facilmente estendido até o Terminal Santo Amaro, e a seguir até o corredor já aprovado das Avenidas Chucri Zaidan e Berrini. Seguindo esse traçado, as desapropriações seriam muito menos, apenas 37, e com a vantagem de ter a infraestrutura viária já existente.
Na Zona Leste, o projeto do Corredor Celso Garcia prevê o alargamento da Avenida São Miguel, da Rua Abaitinga e da Avenida Marechal Tito e vai cortar ao meio o Centro Comercial do Itaim, um centro de compras já tradicional da região e por onde passam diariamente milhares de pessoas.
Além do alargamento das 66 vias, está prevista a construção de oito terminais. Para a construção dessas obras, de acordo com informações do Estadão, a Prefeitura quer obter recursos repassando para a iniciativa privada parte dos terrenos que serão desapropriados e não serão usados na implantação dos corredores. Isso equivale a dizer que o espaço não utilizado cairá nas mãos das incorporadoras imobiliárias. Volto a dizer: com isso, a Prefeitura vai arrumar uma fonte de recursos extra e criar um verdadeiro banco imobiliário.
Devido ao impacto que causará no perfil urbano da cidade, com centenas de desapropriações e o surgimento de novas grandes avenidas, há a necessidade de se aprofundar os debates sobre essa proposta do Executivo e até rever o projeto. O que não podemos é passar com o trator por cima do cotidiano dos munícipes e de tudo aquilo que conseguiram com muito custo e sacrifício.