Projeto de Lei alerta sobre o perigo da sepse
Um grave problema da saúde, a sepse, uma infecção que se espalha rapidamente pelo corpo se não for tratada de forma rápida, é o foco do Projeto de Lei (nº 665/2018) do vereador Aurélio Nomura, que dispõe sobre a adoção de programa de prevenção e tratamento da doença, justamente para tentar conscientizar a população e reduzir o elevado índice de óbitos. A sepse é muito mais comum do que se imagina e pode levar à morte mais da metade das pessoas afetadas, independente se atendidas no sistema público ou privado.
“Este Projeto de Lei nasceu a partir da leitura do Relatório de Atividades da Fapesp, que me chamou muita atenção pela gravidade e pela elevada taxa de letalidade da doença, mas que, apesar disso, é pouco conhecida pela população”.
De acordo com levantamento organizado por da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e do Instituto Latino-Americano de Sepse (Ilas), o Brasil tem uma taxa extremamente alta de morte por essa doença em UTIs, mais alta até que a de óbitos por acidente vascular cerebral (AVC) e infarto nessas unidades.
A cada ano, são 420 mil casos de pacientes adultos de sepse tratados em UTI no país, dos quais 230 mil vêm a falecer. Essa taxa de mortalidade é praticamente a mesma no sistema público de saúde (com 56%) e o setor privado (com 55%). Os dados são de levantamento feito pela Unifesp e o ILAS (Instituto Latino-Americano de Sepse) em 227 UTIs selecionadas aleatoriamente, coordenado pela dra. Flávia Machado.
Ainda de acordo com o levantamento do instituto, a mortalidade por sepse no país é muito elevada e muito acima da mortalidade mundial. Além disso, esse mesmo estudo constatou que nada menos que 30% dos leitos em todo país estão ocupados por pacientes com sepse ou choque séptico.
Os grandes hospitais da rede privada já adotaram protocolos de prevenção e tratamento de sepse. Já no sistema público municipal há protocolos implantados., mas não regulamentados e validados institucionalmente. Esse Projeto de Lei vem exatamente nesse sentido, de regularizar esta situação de forma democrática e factível, propondo protocolos de prevenção e tratamento adequados com a estrutura de cada unidade.
“Este Projeto de Lei teve o cuidado de fazer uma ampla pesquisa para estabelecer os mesmos protocolos de prevenção seguidos pelos hospitais e, em especial, os recomendados pelo ILAS”, observa o vereador Aurélio Nomura. “O instituto constatou que, seguindo a implementação dessas diretrizes em uma rede de hospitais, houve uma redução significativa no número de mortes, caindo de 55% para 26%. Além de salvar vidas, que é o mais importante, o processo também reduziu os custos de internação de paciente de US$ 29,3 mil para US$ 17,5 mil”, afirmou o vereador.
Diante de problema de saúde tão grave que causa milhares de mortes todos os anos e da necessidade de prevenção cujas medidas de controle de infecção hospitalar exigem procedimentos simples, o objetivo do Projeto de Lei também é levar ao conhecimento da população os riscos dessa doença e fazer com que o poder público também se envolva nessa causa.
“É extremamente importante que a Prefeitura torne obrigatória a adoção do programa de prevenção à sepse e de protocolo de diagnóstico e de tratamento por hospitais, clínicas e unidades de saúde e privados que prestem serviços no âmbito do SUS no município de São Paulo”, sugere o vereador Aurélio Nomura.